Entrevista de perfil publicada em:
(CANTO MUSICAL por Bill
Ichter)
“MEU IDEAL ERA SER
PIANISTA...”
Mas Deus tinha outro plano para aquela
menina que passava horas ao piano, preparando-se para ser uma virtuose.
E
Ele foi lentamente como Perfeito Artífice que é, executando seu plano na vida
daquela que hoje é uma das mais proficientes compositoras sacras do Brasil.
CLEIDE
DORTA BENJAMIM - Começou a estudar música aos 11 anos, impulsionada por um
grande amor à arte. Após a iniciação estudou com a D. Carmen Câmara Jansen
(também pertence a uma família de músicos, da qual faz parte Stela Câmara
Dubois). D. Carmen a encaminhou ao maestro Manoel Augusto dos Santos, com quem
estudou no Conservatório Pernambucano de Música.
Durante
esta época começou a dar recitais no Teatro Santa Isabel, a principal casa de
espetáculos do Nordeste.
Com
o casamento que ocorreu em 1955, tornou-se difícil para ela continuar a
dedicar-se aos estudos como fazia anteriormente. Nem mesmo de um mínimo tempo
dispunha para os estudos por causa dos cuidados que devia dispensar aos
filhos. Viu-se então mergulhada num
terrível impasse: estava feliz com o casamento, mas ao mesmo tempo via
claramente sua carreira destroçada. Sem saber o que fazer quanto à sua carreira
entregou-se totalmente nas mãos de Deus a fim de que Ele lhe indicasse o
caminho a seguir, disposto a fazer a Sua vontade.
Recebeu
então um convite do Seminário de Educação Cristã para lecionar piano e teoria
musical. Sentiu que aquela era boa oportunidade, pois podia estar sempre em contato
com o instrumento.
Em
1963 concluiu o curso de filosofia com especialidade em Letras
Anglo-Germânicas, sendo laureada pela Faculdade e recebendo o prêmio Banco
Nacional do Norte por se classificar em 1º lugar.
Apesar
de todas as vitórias até então alcançadas não se sentia, entretanto,
satisfeita. Desejava aprofundar-se na música, desenvolver cientificamente seus
conhecimentos nessa área, pesquisar outro campo que não o piano. Não havia
porem no Recife, nenhum curso especializado.
Inexplicavelmente
abriram-se várias portas para D. Cleide. Chegaram alguns professores
estrangeiros que eram verdadeiras sumidades no campo da música. Todas aquelas
oportunidades chegaram com um “cheiro de milagre.” É como ela mesma diz: “Na
vida do crente não há coincidências. Ocorreram Milagres!”
Liderou
em 1965 um movimento para instalação do Curso de Composição e Regência na
Escola de Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Foi vitoriosa em seu
intento e com mais quatro candidatos iniciou o curso em 1966. Entre os
candidatos havia um padre e dois pastores.
Ali
na escola de Arte seu principal professor foi o Padre Jaime Diniz, o maior
musicólogo pernambucano e, quiçá, o mais profundo conhecedor da nossa Música
Popular.
Após
seis anos de curso ganhou mais uma vez o prêmio Banorte. Deixemos que ela mesma
diga como se sentiu naquela ocasião: “... senti então uma grande
responsabilidade, pois sabia preparada e recebendo bênçãos tão enviadas de
Deus, compreendi que toda a minha carreira teria que ser, mais do que nunca a
Ele dedicada.”
E
assim tem sido sua vida: uma entrega total ao altar dos sacrifícios a fim de
que seja usada pelo Mestre.
Atualmente
D. Cleide Dorta é diretora do curso de música do Seminário de Educadoras
Cristãs e regente dos conjuntos corais e de sinos daquela instituição. Há ali
um madrigal “MAGNIFICA LAUS”, que canta exclusivamente músicas compostas por
ela.
DorBen
(é esse o seu pseudônimo) se tem dedicado à composição de música sacra
contemporânea, com muitas dissonâncias, usando os estilos Serial livre,
semitonal, tonal-livre, bitonal e muitos outros contribuindo assim, para que
haja um desenvolvimento no nível musical de nossas igrejas. Ela reconhece que o
nosso povo ainda não está preparado para ouvir este tipo de música, daí haver
uma baixa receptividade.
Aliás
o povo já conhece – disse – mas como fundo de filmes no cinema e na televisão,
onde é plenamente aceita, porque intensifica a dramaticidade o lirismo ou a
comicidade das cenas. Se for colocada isoladamente falta a capacidade abstrata
para captá-la. E acrescentou: “ É esta capacidade que temos de desenvolver,
incrementar a fim de que a música seja aceita.”
Além
de composições para coro, temos:
“SALMO
121” (em idoma tonal livre)
“SALMO 48” (em estilo bitonal)
“MAGNIFICAT”
(em estilo semitonal e uma “CANTATA DA CRUZ”
Além
dessas há um PRELÚDIO no estilo Webern, para Oboé e Piano, um “ESTUDO DE
CÂMERA” no estilo serial-tonal, para Oboé, Clarineta Fagote e Violoncello. Para
Conjunto de Sinos escreveu uma “MEDITAÇÃO”,
em estilo serial livre.
Hoje
D. Cleide se sente feliz por ter atendido a voz do Mestre e por estar
participando na insigne tarefa de preparar obreiras.
Deus
a tem abençoado ricamente durante toda sua vida e ela tem sabido usar com
inteligência a grande criatividade musical com que foi agraciada.
Agora
ela pode dizer, depois de 17 anos de trabalho dedicado à Causa: “Sinto-me
orgulhosa quando penso em Jailce, Ana, Eliete, Diana, Isá, Valdenice, Milhomens
e tantas outras às quais tive a honra de transmitir um pouco de minha experiência
musical.”
O texto acima foi digitado a partir deste recorte de jornal.
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